Moçambique completa hoje 40 dias de um silêncio angustiante e politicamente carregado. O país, que foi a votos nas eleições autárquicas, ainda não conhece os resultados oficiais e definitivos. A longa espera tem gerado um clima de incerteza, desconfiança e tensão, com a população e os partidos políticos a aguardarem a decisão final do Tribunal Constitucional.
Quarenta Dias de Silêncio: O Impasse nas Eleições Autárquicas de Moçambique
O atraso é inédito e preocupante. Desde o dia das eleições, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e as suas instâncias inferiores têm sido alvo de críticas por parte dos partidos da oposição e de observadores nacionais e internacionais. As alegações de fraude, irregularidades e inconsistências nos dados têm sido a tónica dominante.O Tribunal Constitucional, a quem compete validar e proclamar os resultados, está sob uma pressão imensa. As suas decisões serão cruciais para a estabilidade política e para a credibilidade do processo democrático em Moçambique. Enquanto a população espera, os rumores e as especulações continuam a circular, alimentando ainda mais a desconfiança. A demora não é apenas um problema administrativo; é um sintoma de uma crise de confiança nas instituições democráticas do país.
Contexto e Desafios
A espera de 40 dias é um reflexo das complexidades e desafios do sistema eleitoral moçambicano. A FRELIMO, partido no poder, e a RENAMO, o principal partido da oposição, reivindicam a vitória em várias autarquias. As acusações mútuas de irregularidades e as contestação de resultados têm levado o processo para os tribunais, onde se espera uma decisão final.O tempo que o Tribunal Constitucional leva para analisar os recursos e proclamar os resultados definitivos é um teste à sua independência e à sua capacidade de agir com justiça. As suas deliberações terão um impacto significativo não só na política local, mas também na imagem de Moçambique no cenário internacional. A sociedade civil e a comunidade internacional têm apelado à transparência e à celeridade para que o processo eleitoral termine de forma pacífica e justa.
A pergunta “as quem ganhou” marca as sextas eleições autárquicas em Moçambique desde 11 de outubro e na capital moçambicana os 40 dias de indefinição estão a provocar “injustiça e frustração” principalmente entre a camada mais jovem.
Moçambique está há 40 dias à espera de saber quem ganhou eleições autárquicas
“Assim diz o povo sinto-me injustiçada como munícipe, porque, ao votar, esperava ver os resultados, mas até agora não estamos a ver nada”, declarou Mércia Paulo, 18 anos, uma estudante da Escola Secundária Josina Machel que foi às urnas pela primeira vez em 11 de outubro.
Embora a Comissão Nacional de Eleições (CNE) tenha anunciado resultados oficiais no dia 26 de outubro, dando vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) em 64 das 65 autarquias, a indefinição tomou conta da sociedade moçambicana com a contestação aos resultados pela oposição e por organizações da sociedade civil, que denunciam uma “megafraude” a favor do partido no poder em Moçambique desde a independência (1975).
Nas ruas da capital moçambicana, quando passam 40 dias após o dia de votação, as dúvidas sobre a transparência do processo também existem, principalmente entre as camadas mais novas, que agora esperam, agarradas aos noticiários e às redes sociais, pelo veredito do Conselho Constitucional, órgão máximo e ao qual os diversos recursos da oposição foram submetidos.