Venêncio Mondial não está a ser julgado pelos seus atos, mas sim pela ameaça que representa ao poder instalado. O que se desenha hoje em Moçambique é um espetáculo orquestrado de repressão, manipulação judicial e intimidação institucional contra um homem que ousou desafiar o sistema.
O Plano para Silenciar Venêncio Mondial: A Fraude, a Perseguição e o Jogo Sujo do Poder em Moçambique"
As tentativas de calar a sua voz não são apenas um ataque à sua pessoa, mas um atentado frontal contra a esperança de milhões de moçambicanos que acreditaram numa alternativa real ao ciclo vicioso de corrupção e autoritarismo.
Nas últimas eleições, Venêncio Mondial emergiu como um dos nomes mais fortes e populares da oposição, com apelo nacional e apoio massivo nas zonas urbanas e rurais. Seus comícios enchiam praças, seus discursos mobilizavam multidões, e suas propostas confrontavam diretamente os alicerces de uma elite política que, há décadas, governa sob a sombra da impunidade. Quando ficou evidente que Mondial poderia vencer, ou pelo menos forçar uma segunda volta, a resposta do sistema não foi aceitar o jogo democrático — foi manipular os resultados.
A fraude eleitoral foi gritante. Cadernos eleitorais inflacionados, urnas adulteradas, exclusão sistemática de delegados da oposição, e uma contagem de votos feita em absoluto sigilo, sob vigilância de forças pró-regime. Observadores nacionais e internacionais denunciaram irregularidades. Mas a resposta do Conselho Constitucional e da Comissão Nacional de Eleições foi o silêncio ensurdecedor. O sistema fez o que sabe fazer: blindou os seus.
Diante deste cenário, Venêncio Mondial fez o que qualquer líder responsável faria — convocou a população para manifestações pacíficas. E aqui reside o núcleo da grande mentira fabricada contra ele.
As manifestações não foram violentas por culpa do povo, muito menos por incitação de Mondial. Os vídeos, os testemunhos e as provas recolhidas mostram uma realidade chocante: foram agentes da Polícia da República de Moçambique, sob ordens superiores, que iniciaram os atos de vandalismo. Portões de estabelecimentos foram arrombados por indivíduos não identificados — posteriormente reconhecidos como infiltrados — com o único objetivo de criar o caos e atribuí-lo à oposição.
Testemunhas relataram que viaturas da polícia transportavam grupos que, em vez de manterem a ordem, agiam como provocadores. Lojas foram saqueadas, não por manifestantes legítimos, mas por indivíduos treinados para sabotar a legitimidade dos protestos. E, como em outros momentos da nossa história, a narrativa oficial foi construída com cinismo e frieza: Mondial passou de líder democrático a suposto “instigador da desordem”.
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Pior do que a manipulação das imagens e da opinião pública foi o derramamento de sangue. Durante os protestos, dezenas de cidadãos foram abatidos por balas da polícia. Jovens desarmados, pais de família, trabalhadores — mortos com tiros à queima-roupa, enquanto exerciam o seu direito constitucional de protestar. Nenhum agente foi responsabilizado. Nenhum comandante foi interrogado. Nenhum processo foi aberto contra os autores desses homicídios. A Procuradoria-Geral da República mantém um silêncio cúmplice.
Mas contra Venêncio Mondial, não. A máquina judicial moveu-se com velocidade e voracidade. Intimações, ameaças de prisão, acusações infundadas de sedição e incitamento à violência. Tudo para criar a narrativa de que ele é o culpado. Tudo para justificar, aos olhos da opinião pública, o que é claramente um plano de neutralização política.
Enquanto os verdadeiros criminosos se escondem por detrás de fardas e cargos públicos, Venêncio Mondial é transformado em bode expiatório. O sistema procura eliminar sua influência, não por justiça, mas por medo. Medo de que o povo se levante. Medo de que a verdade sobre a fraude venha à tona. Medo de que Moçambique, um dia, diga basta.
O objetivo final parece claro: prender Venêncio Mondial para que Chapo, o atual governante, possa reinar sem oposição. É um plano frio, calculado, e que já está em curso. A intimidação não se limita a Mondial — seus apoiantes também têm sido perseguidos, detidos arbitrariamente e ameaçados. Sedes locais do seu partido foram vandalizadas e ocupadas por forças de segurança. Jornalistas que cobriam os abusos foram agredidos e impedidos de trabalhar.
Estamos, portanto, diante de um regime que criminaliza o dissenso, que manipula as instituições do Estado para fins partidários, e que faz da Procuradoria-Geral uma arma de guerra política.
Mas Moçambique não pode aceitar isso. A prisão de Venêncio Mondial será mais do que um ato de injustiça — será o símbolo do colapso da democracia no país. É hora de as organizações da sociedade civil, as igrejas, os acadêmicos, os juristas honestos e o povo organizado se unirem em defesa da verdade e da liberdade.
Não se trata apenas de defender um homem. Trata-se de defender o direito de existir de uma oposição verdadeira. Trata-se de defender o direito de manifestação. Trata-se de impedir que o medo volte a governar as nossas ruas.
A história está a ser escrita agora. E que fique claro: se permitirmos que calem Venêncio Mondial, amanhã calarão qualquer um de nós.