CIP expõe rede por trás do mercado negro de divisas em Moçambique

Uma investigação explosiva do Centro de Integridade Pública (CIP) revelou o funcionamento interno de uma rede criminosa complexa que alimenta o mercado negro de moeda estrangeira em Moçambique. Segundo o relatório divulgado esta quarta-feira (10/09/2025), o esquema envolve bancos comerciais, funcionários públicos, empresários, cambistas e até agentes da polícia e migração.

CIP expõe rede por trás do mercado negro de divisas em Moçambique

CIP denuncia rede ligada à escassez de dólares e euros no mercado formal em Moçambique

A escassez de divisas — dólares, euros e rands — que começou em 2023 e intensificou-se no fim de 2024, especialmente após as manifestações pós-eleitorais, pode estar diretamente ligada à fuga de moeda do sistema formal para canais paralelos.

A revelação feita pelo governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, em junho de 2025, já apontava para fugas propositadas de dólares por parte de empresários e particulares. Agora, com a divulgação do estudo do CIP, as suspeitas se confirmam: trata-se de uma teia organizada e lucrativa que movimenta milhões de meticais diariamente, fora do controlo das instituições financeiras e fiscais do país.

A crise cambial moçambicana ganhou força no final de 2024, coincidentemente com momentos de instabilidade política.

Cambistas informais conseguem movimentar até 20 mil dólares por transação, valor impossível de obter formalmente com rapidez. Funcionários de bancos comerciais seriam os principais fornecedores de divisas aos cambistas. E alguns dos fundos desviados são enviados para China, Portugal, Maurícias e até paraísos fiscais, segundo a investigação.

Elevado — prejuízos ao sistema financeiro e desvalorização do metical

Escassez de divisas começou em 2023, mas agravou-se com as tensões políticas pós-eleitorais em 2024, que afeta, principalmente consumidores, importadores, empresas e o Estado moçambicano.

Estudo do CIP revelou ligações entre o mercado paralelo e bancos comerciais, polícia, migração, empresários e cambistas. Cambistas dizem que “os bancos são os principais fornecedores de divisas”.
A rede também envolve agências de viagens e empresas de fachada criadas para justificar movimentações cambiais, há desvio direto de moeda estrangeira que deveria entrar no sistema financeiro formal.

Banco de Moçambique alertou em junho de 2025 para tentativas de fuga de dólares por empresários e particulares

Abertura de investigações criminais contra agentes identificados na rede, incluindo funcionários bancários e estatais. Revisão das políticas de controlo cambial pelo Banco de Moçambique.
Maior fiscalização nas fronteiras e aeroportos para evitar a fuga de divisas.
Criação de um mecanismo de denúncia anônima, para cidadãos denunciarem práticas ilegais de venda de moeda.

Monitoramento dos fluxos de capitais enviados para o exterior, especialmente em direcção a paraísos fiscais.

A crowded street in Maputo with informal currency traders exchanging foreign money in public. The environment looks tense, with visible police presence in the background. Clean and centered, no distracting elements.

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Fonte da NotíciaJornalística (CIP)

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